segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Willy Lanches

Fim de semestre é sempre a mesma coisa. Um zilhão de provas, trabalhos e apresentações no mesmo mês, na mesma semana, no mesmo dia. Para mim, que sou professor, a trabalheira é multiplicada por 15. Quinze zilhões de provas, trabalhos e apresentações nos mesmos quinze dias (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Rethoric). Veja o leitor que eu não estou justificando aqui o meu hiato de cinqüenta zilhões de semanas, mas sim justificando o xis monstruoso que fiz meu belo corpinho digerir na última Quinta-Feira.

Como muitos de vocês devem saber, trabalho na Zona Sul, e isto me dá uma fome monstruosa e me obriga a percorrer as mais sujas chapas desta região. Quinta era a prova final de uma turma muito especial (que compartilha meu gosto gastronômico), então resolvemos sair para tomar uma coisinha e comemorar. Temos aqui dois lugares que costumamos freqüentar: o Arara Blue (ainda por ser descrito aqui) e o Gélson Lanches (que vocês, com certeza, já conhecem por aqui e por aqui). Mas era uma Quinta-Feira especial, então resolvemos ir no Willy, já da predileção de alguns dos freqüentadores do CCAA Zona Sul por seu Xis-Bacon-com-Catupiry (repare o leitor que até aqui já temos três tremas no texto, abaixo a reforma ortográfica!).

Quem me acompanhava era meu chefe, o Jonas, meu colega Moiséis, meu aluno Charles e sua namorada Andréa (não sei se é com I ou sem). O Jonas carrega consigo a fama de ter passado um ano almoçando meio xis-strogonoff do Gélson todos o dias, tendo engordado apenas cinco quilos. Realmente, é uma façanha.

Feitas as guizas de (re)introdução, vamos ao Willy Lanches.

Fica na Wenceslau Escobar. Honestamente está impossível achar o número da bagaça na internet, porque aparentemente tem (ou tinha) outro na Juca Batista e só consigo este endereço, mas é fácil de achar: no sentido centro-bairro fica à direita, um pouco antes da Otto Niemeyer e tem um Eucalipto GIGANTESCO bem na frente, meio que não tem como errar. O interior é verde e nos dias frios eles estendem umas lonas na fachada.

O bar não tem muita balaca. É todo verde e com luz fria, e nenhum elemento decorativo. Não sei quanto custa a ceva e os xis custam em volta dos nove reais. O cardápio oferece todas as variantes tradicionais de xis, contando com alguns xis-califórnia (com frutas, vai entender) e alguns alaminutas que parecem ser bem bons. Quem quiser desembolsar quarenta e quatro reais pode pedir a picanha Willy na chapa (parece boa). A forma de disposição no cardápio é um tanto excêntrica: eles apresentam, por exemplo, o xis-salada, depois o xis-salada com bacon, depois o xis-salada acebolado, e o mesmo se repete para as outras variantes. Os aditivos Catupiry e/ou Cheddar estão disponíveis por dois merréis a mais.

Eu e o Jonas, após uma intensa perscrutada no cardápio, resolvemos das trabalho aos chapistas e pedimos, cada um, um Xis-Calabresa Acebolado com Bacon (uma opção off-menu, como é o nosso dileto Xis-bacon com catupiry).

O xis não demorou mais de dez minutos, o que é normal nesse bar. Acho que o tempo poderia ficar em segundo plano, pois as calabresas estavam um pouco mal-passadas. Devido a este reduzido tempo, quando o garçom saiu da cozinha com os xis na mão achei que não era o nosso pedido, mas o principal fator que motivou meu engano foi o fato de que os xis pareciam mais duas porções grotescas de calabresa pura.

Sim, meu xis veio com calabresa por cima. Não era um monte de calabresa, mas o suficiente pra me deixar assustado. Por cima do xis veio também alguns anéis de cebola frita na chapa, e junto com eles alguns miolos de cebola (ponto fora).

Não preciso dizer que o bagulho foi cabuloso. O tamanho do xis não foi mensurável devido à zona que meu prato se tornou. Cada pedaço continha umas três ou mais fatias de calabresa. Arregadíssimo. Se a calabresa estivesse torradinha, seria melhor ainda. O xis, suponho, tinha também maionese, alface, tomate, milho e ervilha, embora eu não tenha sido capaz de perceber qualquer um desses elementos. Na verdade, não consegui avaliar porra nenhuma, era muita calabresa pro meu cérebro.

O bacon veio em tiras gordas, bem fritas, mas sumiu no meio da zona. Repare o leitor que o bacon sumir é raríssimo, mas desta vez aconteceu. A cebola estava bem frita e em quantidades boas, mas encontrei muitos miolos (os anéis centrais da cebola não-separados e, ainda por cima, mal passados). O pão brilhava com gordura, lindo. Consegui comer apenas metade do xis.

Pontos massa: Um xis monstro, com muita banha e arregadíssimo na carne, pode fumar, cardápio flexível e intolerante a vegetarianos, ceva gelada, serviço rápido. Pontos palha: Calabresa mal-passada, cebola mal-passada e com anéis mal-separados, garçom meio burro.

Nota final: 9,2

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

The Best Food

O The Best Food ostenta o título de "Melhor Milk-Shake da Região". Tem um The Best Food na 24 de Outubro, um no Strip Center, e um em Cachoeirinha. Tomem suas próprias conclusões sobre a "região" mencionada. O Milk Shake é bom (R$ 5,00 por 300ml, R$ 6,00 por 500). Tomamos de morango (dividimos meio litro), e fica claro que é feito com sorvete de creme e morangos de verdade. Não tenho muito o que comentar sobre o Milk-Shake, exceto que ainda prefiro o do McDonald's.



Diz-se muito sobre este restaurante. Dizem que são os antigos chapistas da lendária Rib's (lanchonete que já fechou e, dizem, tinha a melhor mostarda do mundo (a mostarda ainda sobrevive)). Eu não sei de nada sobre isso, exceto o fato de que tem mostarda do Rib's lá, e os pratos são bem parecidos.



A lanchonete é bem arrumadinha, com dois ambientes (em nenhum se pode fumar, grande desvantagem). O único problema do layout é que a chapa fica longe do balcão e é ruim de vê-la (crucial em xis portoalegrense é ver a chapa). Bem à frente tem uma estantezinha com as cobiçadas mostardas do Rib's. A alemoa entrou sem vê-la e comeu tudo sem mostarda. Eu não gosto de mostarda, como sabem meus leitores.



O menu é relativamente variado. É dividido em pratos e cheeseburguers. Os pratos são estilo à la minuta, com bifes a pé, frango, salada, batata frita e tudo o mais, e a sempre presente fatia de pão com molho rosé (clássica do Rib's). Estão todos entre 10 e 15 pilas, mais ou menos.



Os chesseburguers todos têm algum tipo de molho estranho, e nenhum tem maionese. Ou eles têm molho rosé, ou molho curry. Confesso que nunca fui um fã do molho rosé, então minha opção é óbvia, embora eu tenha um certo receio quanto ao curry no xis. Esta é uma questão bem delicada. O elaborador do menu optou por desviar completamente do padrão portoalegrense, uma opção arriscada, que deu ao seu cardápio um exotismo não necessariamente bem-vindo.



O meu xis foi nomeado "Dos Deuses" (pelo chef, não por mim). Ele tinha um hamburguer, queijo, bacon, molho curry, alface, e tomate. A alemoa pediu o "The Best": Bife de frango, queijo, bacon, molho rosé, alface, e tomate.



Quando se olha nas propagandas, mais uma vez se receia que o xis seja de estilo completamente americano; redondinho, pequeno e com gergelim em cima. Felizmente, por essas bandas, é comum ser só de propaganda, e os xis normalmente são estilo gaudério mesmo. O The Best Food consegue atingir ainda mais proximidade com o portoalegrense do que, por exemplo, o Joe's, outra lanchonete de estilo americano.



O xis é bem altinho, cerca de 4cm, e até não é pequeno, é maior que o do Joe's. O grande problema é o molho. O curry é um pouco forte demais e, com certeza, no meu xis foi colocado em excesso. Gastei uns seis guardanapos pra limpar aquela meleca amarela da boca, e o gosto toma conta de todo o xis. No começo é um charme legal, mas o xis é de segurar na mão (e não comer com talheres) então, ao longo da refeição, suponho, o molho vai escorrendo para o fundo, restando nas últimas mordidas um xis empapado em um líquido/creme de sabor nada sutil. Esta pra mim é a grande falha do xis, o que pode ser resolvido com um pouco mais de parcimônia na aplicação dos molhos.



O alface e o tomate estão apropriadamente dispostos sobre o molho que encharca a base de pão do xis. O alface se resume a uma folha inteira, e o tomate colocado em rodelas (que na minha opinião poderiam ser um pouco mais finas, mas se fosse por mim eu pedia sem tomate mesmo). Sobre os vegetais descansa pacificamente o hamburguer, cujo gosto não pude sentir por razões mencionadas acima. Posso elogiar seu tamanho, apropriado ao pão, e sua textura, de carne moída de verdade.



Sobre o hamburguer vai outra rodela de pão, como num xis de dois andares. Mas essa rodela de pão, oprimida pela gordura que a cerca e as quantidades descabidas de molho curry, some no meio do xis. Sobre ela vão o bacon e o queijo, mais curry e o pão de cima (no meu caso, neste segundo andar havia também um ovo frito (sem gosto)).

O bacon é em tiras apropriadas e, como de costume por aí, não tostadas o bastante. É um dos poucos ingredientes cujo sabor sobrevive à opressão do molho curry. Seu sabor é bem defumado, mais puxando pro americano (estereotipado pelo McDonald's) do que para o ítalo-gaudério (cujo ápice aqui neste blog foi a lancheria do parque). O queijo, não vi.

É um lugar muito arrumadinho e para onde se pode levar a namorada, a tia, a vó ou a mãe, mas se formos com nossos amigos tarados e barbudos (citando Roberto Piva) eles com certeza nos tirariam pra bichinha.

Pontos fracos: Não pode fumar, excesso de molho curry, molho muito forte, bacon meio mal-passado, um pouco de salada demais, não tem milho nem ervilha, o ovo deve ser pedido especialmente (os caras deviam pô-lo como standard). Pontos altos: um xis bem diferente, um ótimo milk-shake, um lugar bem ajeitadinho onde se pode levar as gurias, tem pratos no cardápio.

Nota final: 8,7

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Gélson Lanches (Parte II)

Já falei sobre o Xis-Strogonoff do Gélson (se ainda não leste, basta dar uma olhada ali na direita que tem uma barrinha de pesquisa, bem no topo, daí tu podes digitar "gélson" ali e achar o post certo. OU usa o sistema de tags (logo abaixo da barra de pesquisa), clicando em, por exemplo, Xis-Strogonoff.), mas ontem lá voltei com a alemoa para jantar.

Desta vez, resolvemos arriscar. Se o leitor acompanha este blog, sabe muito bem que eu sempre comi Xis-Strogonoff no Gélson. Sabe também que o Gélson faz Xis pra quatro pessoas, o famoso Xis-Calota. Realmente recomendo que o leitor, antes de prosseguir, leia o post anterior sobre o Gélson, pois aqui me deterei apenas ao xis em si e às particularidades da noite.

Estava passando Inter x Sport Recife, final do turno do Campeonato Brasileiro. Uma bosta. Mas pelo menos era algo para assistir (leia-se: melhor que Ultimate Fighting). Estávamos só eu e a alemoa, então resolvemos pedir só meio xis. Depois de muito titubeio entre o Strogonoff, o Frango com Catupiry, o Filé ao Molho Branco e o Top Gélson, decidimos pelo Xis-Filé-ao-Molho-Branco (R$ 32 o inteiro, R$ 16 o meio), pela metade e dividido em dois.

Deve ter demorado uns 15 ou 20 minutos pro xis chegar. Dessa vez não houve a surpresa de ver uma montanha de strogonoff, pois o xis não era coberto pelo seu recheio, mas sim em disposição tradicional. O grande diferencial, claro, é que se trata na verdade de um quarto de xis, então os cortes no pão ficam evidentes. Mais um diferencial: embora o xis não viesse literalmente coberto de filé e molho branco, o recheio transbordava pachola para os lados do xis, uma linda cena. Pedimos sem catchup, sem mostarda (por motivos já esclarecidos em nosso primeiro post) e sem ervilha (por causa da alemoa). Isto incluía escalopes de filé, molho branco, cebola (não vi), salsa (não vi), maionese, alface, tomate, ovo e queijo.

Um problema: encarando o quarto de xis assim, diretamente, sem ser ofuscado por recheio em cima, nota-se que é meio pequeno comparado a um xis normal, e é quadrado. Isto não é um problema tão grande quanto no Joe's (por exemplo), pois trata-se (é sabido) de um xis arregadíssimo: Os nacos de filé são grandes e torudos, há de se cortá-los antes de comer, e o molho é bastante saboroso, embora não tenha tanta distinção do molho de Strogonoff quanto se espera que o faça.

A maionese é saborosa na medida certa, embora eu a considere desnecessária no xis, e acaba atrapalhando o sabor do molho branco (que, de branco, tem pouco). O tomate é bem fresco, e portanto presente, fornecendo um sabor bem adocicado junto com a maionese, um bom contraponto à carne e ao molho, bem salgado. O queijo é quase sem importância, não me lembro de ter reparado nele. O mesmo posso dizer sobre a salsa e a cebola, que, julgo, nem vieram. O alface é em quadradinhos (não cubinhos), e também some no resultado final. O molho, como no strogonoff, mostrou sinais de congelamento, apresentando-se "talhado" em alguns pontos, o que não atrapalha tanto, até ajuda a pegá-lo com garfo.

Com certeza esse é um xis do qual eu agüentaria comer meio. Fiquei até meio arrependido de não tê-lo feito, e a alemoa compartilhou deste sentimento. Problema: meio xis, embora mais arregado e com mais capricho que no Speed, acaba saindo por volta de quinze merréis, o que, embora não seja injusto, pesa bastante no bolso.

Sempre vale a pena ir no Gélson, se se está com pouca fome ou pouco dinheiro, basta levar alguém e dividir meio, não é uma monstruosidade mas já é uma janta decente. Se quiser pegar pesado na monstruosidade gastronômica sulriograndense, dá pra encarar meio inteiro sozinho, ou dividir um inteiro em dois, ou ir com duas pessoas e pedir dois meios, ou o que quer que seja. Estou planejando dividir um inteiro entre três pessoas e ver no que dá.

Nota final: 8,5

PS: A Heineken continua quatro pilas. Se beber, não jogue Top Gear 2.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Joe's

Sempre ouvi o Joe's ser referido como "Jóis", o que não é nem bom nem ruim, apenas interessante. É, de fato, um lugar bem interessante. Meus pais sempre o epitetaram como "o melhor Milk Shake de Porto Alegre". De fato, é uma lanchonete aureolada com certa mística, visto seu estilo americano clássico de sentar no balcão e ver o xis sendo feito.

Foi minha primeira vez no Joe's e, confesso, eu temia receber um xis bacon do tamanho e formato de um xis do McDonald's, ou seja, um hamburguer americano e não um xis gaudério. Não posso dizer que o que me foi servido se encaixa em uma ou outra categoria, bem como não posso afirmar que é um meio-termo. Desenvolverei mais sobre o xis mais adiante.

O Joe's fica no alto da Ramiro Barcelos, pro lado da Cristóvão, quase em frente ao Colégio Bom Conselho. É uma vizinhança muito bonita e é muito bom ficar sentado nas mesas da calçada olhando as bundas passarem pra lá e pra cá. É uma lanchonete razoavelmente pequena, que tem mais ou menos uns 15 bancos altos no balcão, e algumas mesas plásticas na rua. É muito bonita e ajeitadinha, toda em vermelho e cinza metálico. Não posso discorrer muito sobre o interior da loja, visto que era uma linda segunda-feira de sol após as fortes águas do primeiro fim-de-semana de Agosto, e por isso me sentei do lado de fora, para poder fumar e olhar as bundas com a alemoa.

O cardápio é certamente diferenciado. Começa pelo xis simples, a cinco reais, que tem hamburguer, queijo e maionese. O xis bacon custa sete reais e só tem o bacon a diferí-lo do xis simples. O xis coração, por exemplo, vem com ervilhas, tomate, queijo, coração e maionese. É certamente difícil entender porque só esse xis tem tomate, e os outros não, e por que eles não têm alface. O xis milho também aparece como opção no cardápio, o que demonstra o modantiguismo do lugar, visto que o milho, com os tempos modernos, passou a ser ingrediente quase obrigatório de qualquer xis, sendo o xis milho uma peça razoavelmente rara (só me lembro daqui e das lanchonetes do Zaffari, que em breve serão aqui comentadas).

Este cardápio demonstra um certo cuidado no equilíbrio e personalidade de cada xis, o que achei muito interessante mas não tenho certeza se é bom ou ruim (afinal, nada impede de pedir pra pôr tomate no xis bacon (claro que assim se pagará mais caro). O ovo também aparece como opcional em todos os xis, a cinqüenta centavos, outro ponto relativamente fraco (na minha opinião, todos os xis devem vir com ovo e, se o cliente não quiser, que peça sem. De qualquer maneira, é um cardápio interessante. O bar também tem opções de torradas e etc, mas nada que fuja do carne-queijo-e-pão.

Vai-se ao balcão e pede-se o que quer e depois senta-se, suponho que, quando cheio, o estabelecimento use números para identificar os clientes e seus respectivos pedidos. Eu pedi um xis-bacon e a alemoa um xis-coração. Ambos pedimos coca-cola (aquelas de garrafinha, a melhor de todas) e a brincadeira saiu por R$ 19,50. Pensei em pedir um Milk-Shake de morango, mas os safados estão achacando-nos por R$ 8,50 o meio litro. Mesmo se for o melhor de Porto Alegre, NADA justifica cobrar esse preço por três bolas de sorvete com leite. Mesmo assim, devo voltar para experimentar.

Chegou o xis e o tamanho me deixou receoso. É decididamente menor que um xis, digamos, do Cavanhas, mas é maior que o McDonald's, e é prensado. É do tamanho aproximado de um pires, com altura de cerca de um centímetro e meio. Como dito, o xis-bacon vem com maionese, um hambúrguer, bacon, queijo e ovo, no pão de xis (só que menor). Achei que ficaria com fome.

O queijo é bem arregado e derretido, e o ovo é com a gema meio que misturada ao resto, bem amarelo-clara, do jeito que a alemoa gosta (eu ainda quero ver um xis com a gema bem mal-passada, pra gente se sujar todo, deve ser uma beleza, mas assim só os que faço em casa, e a alemoa acha um pecado). A grande estrela das mordidas da borda é a maionese. De estilo ácido e adocicado, ela prevalece nos primeiros pedaços e os que mais beiram as bordas. Talvez isso seja má-distribuição, mas eu gostei, é uma boa maionese, não fica fria em nenhuma parte e combina bem com o xis.

O hambúrguer é de estilo bem caseiro, com um sabor bem pronunciado de cebola. O gosto parece mesmo com um hambúrguer feito em casa com ingredientes do super. É de espessura média, mais ou menos meio centímetro, e veio num bom ponto, sem estar torrado ou róseo no centro. Encontrei, de fato, alguns nódulos irreconhecíveis e imastigáveis, embora não parecessem ósseos, dentro da carne, ponto contra. O bacon é em tiras, e tem um sabor muito suave, muito suave mesmo. Cobre todo o hambúrguer e é fácil de cortar com os dentes (não se fica com pedaços de bacon pra fora da boca, o que é um risco quanto se coloca bacon em tirinhas).

O xis-bacon do Joe's não é nenhum monstro. É relativamente leve e pode não satisfazer os iniciados, que precisarão de dois, quiçá três deste prato. Em contraponto, tem um sabor bem definido de xis de lanchonete (o que me refiro como xis-bacon clássico), mais ou menos como o da lanchéra, mas com um bacon muito mais discreto e sem salada, e com um hambúrguer mais caseiro. É muito bom, e seu principal problema é o tamanho.

O xis-coração trouxe a bela surpresa do tomate temperado com orégano, o que deu um sabor italiano bem peculiar ao xis, mas eu só dei duas mordidas, então não posso tecer um comentário mais prolongado.

Resumindo, o Joe's é muito bom para levar pessoas frescas em geral, por oferecer um xis leve e apropriado a toda sorte de frescuras (vegetarianismo, bichisse, não gostar de ervilha, etc.), portanto um bom lugar para ir acompanhado de não-iniciados. Aqueles procurando por um xis gordão e pesado podem se decepcionar seriamente. "Saboroso" é muito mais apropriado que "arregado", mas o xis não é "nos dedo". Principais problemas: coisas na carne moída que pareciam nervos, não tem salada em todos os xis (não é necessariamente ruim, mas decididamente não é um ponto a favor, visto que acaba aumentando o preço), ruim de estacionar, preço extorsivo de milk shake, não pode fumar dentro, o xis é pequeno e pode custar o mesmo que o Speed. Principais coisas massa: um lugar agradável onde se pode fumar do lado de fora, um xis bom para minas, senhoras, vegetarianos e viados em geral, paladar estilo americano anos 50 com decoração congruente.

Nota final: 7,9

No mesmo dia em que almocei no Joe's, jantei no Gélson com a alemoa, portanto hoje teremos rodada dupla (se possível).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Lancheria do Parque

Se o leitor não conhece a Lancheria do Parque, isto deve ser um sinal claro de que não é portoalegrense, ou, se o for, não merece minhas palavras, e isto por diversos motivos que quem não compreende não deve compreender. Não que eu ache que há algo de especialíssimo neste lugar, o que também não significa que eu não goste dele. Apenas evito babar o ovo por purismo ou tradição.



A Lancheria do Parque fica defronte ao Parque Farroupilha (também conhecido como Parque da Redenção, Redença, Redenga, e outros), se você considerar que aquele parque tem uma frente, e que esta frente é na Oswaldo Aranha. O endereço da Lancheria, então, fica tipo Oswaldo Aranha 1086 (se não me engano). Conheço este bar faz muitos anos, e me sinto um pouco desconfortável tendo como público leitor pessoas que não sabem do que se trata, portanto não darei detalhes demais.



Como é um estabelecimento que goza de certo prestígio e reconhecimento da comunidade, é conhecido já por diversos apelidos. Entre meu grupo de amigos e conhecidos referimo-lo como "Lanchéra", mas já vi diversas outras ocorrências, dentre estas a curiosa "Banheirão", por causa dos azulejos que revestem (e, suponho, sempre revestiram) as paredes do lugar. No mais, não há muito o que dizer sobre o local, exceto que é muito bem localizado e com estacionamento relativamente conveniente (nas áreas azuis da Oswaldo e cercanias - Fernandes Vieira, João Telles, etc.). A chapa do xis fica atrás do balcão, bem visível, assim como os displays de frutas frescas e um daqueles negocinhos de acomodar salgados (pastéis, empadas, etc.). E há uma cozinha aos fundos. Perto da porta está o buffet.

Não é um lugar que tem ênfase no xis, e justamente por isso fui criticado ao anunciar que o criticaria neste blog. A lanchéra serve Carreteiros, Bifes à Parmegiana, Alaminutas, torradas, e toda sorte de comidas de se comer na rua, além do buffet (livre com 1 carne, mais ou menos 6 pilas, dependendo do dia). O melhor prato da casa é o pastel (R$ 1,80), sempre de carne (não é necessário especificar o sabor, suponho que só haja de carne). Ele não é feito na hora mas acho que sai de hora em hora. É muito recheado com carne moída (que lembra muito o hambúrguer da casa), ovo e tempero verde, e é do formato tradicional meia-lua, tamanho standard.

Pois pedi o xis bacon, e um suco de laranja, banana e maçã (dividi o suco com a alemoa, R$ 2,70). A alemoa fui ao buffet (com uma carne extra).

O tamanho do xis não amedronta, ele é prensado e tem cerca de 2,5cm de altura. O estudo posterior revelou 75% de recheio nessa polegada. Ótimo. Os ingredientes são pão, maionese, milho, ervilha, alface, tomate, um ovo frito, queijo mussarela, hambúrguer e bacon. A maionese estava um pouco em excesso, às vezes deixando-se ver envolvendo completamente os outros elementos. Ela é gostosa, embora um pouco ácida para mim. Entretanto, não caberia aqui fazer a maionese mais salgada, como veremos a seguir. O milho e a ervilha praticamente sumiram.

O alface é em pequenos pedaços irregulares, e como principal defeito apresentou um pouco de talo em excesso. O tomate é em cubinhos e quase sumiu. O ovo tem a gema consistente, bem cozida, de cor amarelo-claro, e é coberto por (julgo) duas fatias de queijo. O xis, de baixo pra cima, é: pão (bem fininho), maionese, milho, ervilha, bacon, carne, bacon, ovo, queijo, tomate, alface, maionese e pão.

O hambúrguer tem cerca de meio centímetro de espessura e estava um pouco mal-passado, de cor rósea (o que não é lá muito bom pra carne moída, mas pelo menos não estava torrado, o que seria fatal). Não é muito temperado e cumpre mais um papel de textura do que de sabor.

A principal estrela do xis, é, como seria de se esperar, o bacon. Ele é mais parecito com a pancetta italiana do que com o bacon americano. É apresentado em pedaços altamente irregulares, variando de cubinhos a tirinhas, pelancas e fiapos de carne defumada. Algumas partes lembram o sabor do presunto. Ele aparece por baixo e por cima do hambúrguer, e rouba a cena em todas as mordidas ("mordidas" lato sensu, visto que é um xis "de prato"). O único problema é que ele poderia passar um pouco mais de tempo na chapa (o que, na ocasião, era viável, visto que eram quatro e quinze da tarde e o xis chegou em 5 minutos, mas que seria incoerente num Domingo). Às vezes ele parece demasiado "forte", salgado e de presença, mas quem não quer bacon num xis bacon?

Embora de tamanho normal, é um xis incrivelmente gordo e pesado, de sabor incrivelmente marcante e intimidante, definitivamente um xis que, inteiro, seria só para os iniciados (os demais satisfariam-se com meio). Ainda sobre este ponto, eu e minha prima Stephanie, que deve ter mais ou menos uns 11 anos (sou péssimo para a idade de crianças, desculpem-me), uma vez pedimos um inteiro pra cada um, ela ajudou com suco de laranja (natural, cerca de R$ 2,00) e eu com coca-cola (naquelas garrafinhas de vidro que todo mundo acha A MELHOR DE TODAS, R$ 1,80), e nós conseguimos mais ou menos 75 por cento (ela é páreo duro, minha família não é brincadeira). Mais uma curiosidade: meu amigo Pedro Garcia costumava (e, suponho, ainda costuma) ir à Lanchéra em horários pouco movimentados para instruir o chapista (assim ó: ele pedia o xis pro garçom, e quando o garçom berrava "X-Bacon!" ele chamava o chapista e falava "Frita bem o bacon", ou mesmo pedia direto pro chapista e depois pedia pro garçom anotar) a respeito do xis.

Em suma, a lancheria pode ser um bom lugar para ir com nossos amigos barbudos, carecas, tarados e etc. a fim de sublimar as tristezas quotidianas com porco frito, embora não seja o lugar ideal pra isso, visto que não se pode fumar e nem agir como um bêbado fanfarrão, devido ao clima iminentemente semi-familiar bomfinesco (os portoalegrenses entenderão), e também pode ser um bom lugar para levar a mina (mesmo que sua mina seja meio fresca (se ela for MUITO fresca pare de ler agora e vá conversar naquele canto junto com os vegetarianos)), com o propósito de fazer a preza deixando ela comer salada, pastel, bife ou sucos naturais enquanto nos afogamos no êxtase junkie que fica grudado nas chapas de Porto Alegre e só é extraído mediante inúmeros esfregões de carne, gordura, sal e aquelas espátulas afiadíssimas que talham lombos, corações, hambúrgueres...

Desculpem a digressão, *ahem*. É um bom lugar pra levar a mina e deixar ela comer o que quer (e também é um bom avaliador: dá pra levar uma mina semi-conhecida e ver o que ela pede, pra ver se ela é digna de atenção - embora eu não seja adepto desta prática, visto que prefiro levar sempre a mesma mina) e pedir o que se quer também (o carreteiro serve dois e é bom, R$ 17,00 - eu acho), sem necessariamente se afogar na banha. Também não é o lugar IDEAL pra se levar a mina, visto que a iluminação é branca estilo fast-food, e meio cheio às vezes, e acotovelante, e pode ser difícil arrumar lugar pra sentar - em suma, ninguém vai ficar a fim de transar ali. E tem a grande desvantagem da proibição do fumo.

Então, a Lanchéra não é o melhor lugar pra nada, mas está bem longe dos piores. É um bom lugar pra ir quando se está nas redondezas, e quem não conhece certamente deve visitar. Se alguém quiser pedir outro xis e depois enviar suas impressões via comentários, é bem-vindo. Se quiser descrever mais longamente o que achou, crie seu próprio blog e depois aguente minhas acusações de ter roubado minha idéia.

Principais problemas: não pode fumar, muito cheio (às vezes, em horários bem definidos), não pode fumar, o bacon podia ser um pouco mais frito, não pode fumar, podia ter um pouco mais de queijo, não pode fumar, o pastel está caro, não pode fumar, muita maionese, não pode fumar, pouco milho e pouca ervilha (sutilmente), não pode fumar. Principais coisas massa: alta chance de encontrar algum amigo, xis saboroso pra caralho, outras opções de rango, muito variadas, suco bom e barato, não é caro, tem um monte de bebida, dá pra beber legal (se for não-fumante), é bem perto das festas e fica aberto até mais tarde (não muito)

Nota final: 9,2*

*Eu gostaria de esclarecer, aqui, que a nota se refere tanto ao xis em si quanto ao estabelecimento em geral, com mais ênfase no primeiro (por exemplo, se eu for dar nota a dois xis diferentes do mesmo estabelecimento, a nota pode diferir bastante, pois o xis importa mais).

Mais uma nota: inauguro, hoje, o sistema de tags, assim, conforme cresce nosso corpus de análise, ficará mais fácil encontrar xis-calabresa, xis-bacon, ceva gelada, etc.

Outra coisa (a última): o número de pessoas que comentou no blog foi infinitamente menos do que o número de chatos que reclamaram que não tinha comentários, espero que vocês pensem sobre isso enquanto vão tomar no *fiu* (essa a alemoa riu, todo o resto achou sem graça).

sexta-feira, 10 de julho de 2009

X do Gélson

Passei muito tempo de minha vida sem frequentar a zona Sul de Porto Alegre. Meu tempo de gostar de passear de carro sem dirigí-lo foi breve, e eu era muito pequeno. Com o tempo, inevitavelmente passei a visitar este lado da cidade esporadicamente. Hoje trabalho aqui, e posso experimentar um tipo de junk food que é mais raro de encontrar em outros cantos do portinho.

Na região da zona Sul onde trabalho, há três xis dos quais ouço falar mais freqüentemente: o Willy, o Gélson e o Coqueiro. Estes dois últimos têm algum tipo de relação entre si - ex-sócios, ex-donos, ex-chapistas, cornos e etc., não sei precisar, e este não é o meu assunto. O Gélson e o Coqueiro também compartilham o hábito de servir xis que alimentam 4 pessoas, às vezes conhecidos como x-calota, por causa do tamanho, ou, como definiu minha amiga Kei, x-pizza-a-metro.

Este fato, por si só, já é digno de folclore. Qualquer amante da má comida adora ver, disposto na mesa do bar, quase um metro quadrado de porcaria frita na chapa. Entretanto, aparentemente, para esses caras isto não é o suficiente. Eu vou tentar contar, deixando mais particularidades para o final, que pode (ou não) ser surpreendente.

O X do Gélson fica dentro do Piscina Clube Tristezense. Se o leitor não conseguiu concluir que isto fica no bairro Tristeza, está convidado a matar-se rápida e indolorosamente. Sabendo onde fica o McDonald's da Wenceslau Escobar, fica fácil encontrá-lo, é na rua Doutor Armando Barbedo. Qualquer questão mais precisa pode ser resolvida em http://www.lmgtfy.com/?q=x+g%C3%A9lson+porto+alegre . Tem estacionamento do próprio clube que não precisa pagar. E reza a lenda que quem come um xis inteiro não precisa pagar o segundo.

O ambiente é, no mínimo, diferenciado. A lanchonete fica do lado de uma quadra de futebol de salão, e se pode escutar os alaridos viris dos banhudos suados pulando sobre as tábuas. Isto é bastante confortante, para os habituados a este tipo de ambiente. Mesmo assim, não deixa de ser um bom lugar para levar as minas, visto que não é muito sujo nem barulhento. Digo isto tendo em mente que o meu leitor tenha o cuidado de escolher uma boa namorada, que o acompanhe neste tipo de empreitada quase canibalesca. Acho que a minha parceira gostou bastante do lugar. Para ela o único problema foi que a cerveja era Bohemia. Não sei o que ela viu de errado nesta cerveja.

Aliás, um dos pontos fortes do bar: A Heineken está em promoção por R$4,00.

Então tu chega, senta e pede a bira. Olha o cardápio. Tem uma lista de xis, uma de biras e uma de alaminutas. Meio xis custa de 10,00 (x-carne) a 17,00 (strogonoff, quatro queijos, filé ao molho branco, top gélson). Um inteiro custa de 20 a 34. Estávamos em cinco pessoas: eu, a alemoa (e aqui é a primeira vez que lhe ponho um nome neste blog), o beisso, meu chefe e sua esposa (ou, melhor, minha chefe e seu marido). Isto gerou certa discussão: o xis fora concebido para quatro pessoas - então o que seria melhor: um xis inteiro ou um e meio? Se a resposta a esta pergunta não for óbvia ao leitor, ele fatalmente está fadado ao mesmo destino dos que não entenderam que o Clube Tristezense fica na Tristeza. E dos vegetarianos.

Meus chefes pediram meio X Top Gélson. Os ingredientes que o diferenciam dos demais xis do cardápio são filé, bacon, palmito e azeitona. Eu, a alemoa e o beisso pedimos um X Strogonoff. Ele também vem com batata palha, mas não tem champignon. Um dos problemas de cardápio se revela neste momento: todos os xis têm, por ingredientes standard, alguns itens desnecessários: catchup e mostarda DENTRO DO XIS (por padrão, algo contra o qual já discursei em meu post introdutório http://gfloco.blogspot.com/2007/07/guizas-de-introduo-sem-cebola.html ) e cebola (crua). Tive que restringir um pouco meu pedido, sem catchup e mostarda, sem cebola e sem ervilha (por causa da alemoa).

O X Top Gélson chegou primeiro. Como era só meio xis, não dá pra ter noção do quão sem-noção a coisa pode chegar a ser. Era um pão de xis comprido e retangular, mais ou menos da forma de dois xis lado-a-lado. O Xis já é servido repartido, neste caso em dois. Meu chefe diz que come meio xis inteiro (com o perdão do oxímoro).

Observando o xis, ele parecia bem saboroso. O recheio claramente predominava, e o pão ficava bem fininho, provavelmente pela ação da prensa. Outro ponto positivo: o pão, por fora, é de uma cor marrom-alaranjada muito bonita, e é servido lustroso, sujo de sujeira de chapa, um primor. O xis é servido no prato à maneira tradicional portoalegrense: com os talheres cravados em cima. Este procedimento, embora inferior ao polegar opositor, saquinho e guardanapo, tem de ser adotado neste caso, como o leitor verá mais adiante.

Agora, o cheiro denuncia certo movimento alarmista na cozinha, cheiro de molho branco e carne, a garçonete atravessa o balcão, recolhe o que deve recolher e vem em nossa direção, trazendo três pratos e uma agradável surpresa: um marmitex com o quarto do xis que, provavelmente, sobrará.

Ao ver os pratos vindo, já se pode notar algo intrigante, não há um xis, mas sim alguma coisa que ocupa toda a superfície do prato e se acumula a uma altura de mais ou menos 6 centímetros. Aquela abundância toda, então, aterriza em sua frente, e se pode notar: é um monte de strogonoff com batata palha por cima.

Caso o leitor seja um completo cuzão, eu vou explicar o que é strogonoff: um prato, normalmente servido com arroz e batata palha, que consiste de carne (normalmente filé), champignon, molho de tomate e molho branco, tudo misturado.

E, justamente aí, pisa o pulo do gato. O xis aterriza e se começa a perscrutá-lo com os talheres, para descobrir-se que se trata, na verdade, de um xis completamente coberto com strogonoff, de pedaços graúdos de carne e batata palha. Mais um fato digno de folclore.

No começo, comi alguns nacos de carne, que de tão grandes às vezes tiveram que ser cortados ao meio, e pescados com a batata palha. Um dos problema mais evidentes é que se trata claramente de um strogonoff congelado e descongelado, visto que o molho é levemente nodoso e talhado, qualidades essas que apresentaram variabilidade gradual em minhas visitas. Isto não atrapalha tanto.

Sei bem, o leitor está curioso sobre o xis propriamente dito, que subjaz o strogonoff com batata palha. Trata-se, sim, de um xis "sem recheio": alface, tomate, maionese, milho, ervilha, cebola, catchup, mostarda (embora eu não possa discorrer sobre esses quatro últimos itens) e, mais uma agradável surpresa: um creme branco que lembrava muito nosso amado catupiry. Tanto o xis quanto seu recheio/cobertura são muito saborosos, sem serem muito fortes (sobre este ponto do xis ser "forte", minha chefe discorreu sobre o Top Gélson, dizendo que esse sim era forte, com um sabor azedo (proveniente, supõe-se, da azeitona e palmito), e que o filé era muito bom, isto disto por ela que normalmente pede x-bacon sem carne).

O alface é em tirinhas e o tomate em cubinhos, o alface está presente em toda a superfície e o tomate se restringe a um cubinho por "mordida", muito boa dosagem. A maionese é discretíssima, deve aparecer mais nos xis sem molho. O "catupiry", ao cortar-se o xis, escorria para fora e mesclava-se, lenta e hetereogeneamente, ao molho do strogonoff. Apoteótico. O strogonoff denunciou, por vezes, cebola mal frita e demasiado crocante e saborosa, roubando um pouco a cena da carne e deixando aquele bafo chato, sem contar o retrogosto de CO2.

Principais problemas: a garçonete não sabia de cor que cervejas o bar tinha, o strogonoff é meio mal-aquecido ou mal-descongelado, tem catchup e mostarda dentro do xis por padrão, cebola crua. Principais coisas massa: Arregado pra caralho, monstruoso e intimidante, bastante carne, um xis bem diferenciado, ceva gelada, bom ambiente onde se pode fumar à vontade.

Se o leitor é da zona Sul, com certeza conhece esse lugar. Se não, vale a pena conhecê-lo, é um ambiente bem familiar e descontraído, a comida é muito boa e com certeza vale seu preço (pedindo meio xis-salada para duas pessoas, os dois comem bem e se gasta, ao todo, dez reais).

Nota final: 9,2

domingo, 5 de julho de 2009

Santafé

O Santafé que conheci fica na Anita Garibaldi, bem pertinho do Zaffari (na verdade, fica bem do lado do posto que tem ali na esquina com a Silva Jardim, que era Ipiranga e agora é Shell), acho que eles têm outra lanchonete, mais pra zona Norte, não tenho certeza. O ambiente é bem legal, quem passa na frente vê os carros estacionados (se estaciona na calçada, bem recuada e com bom acesso, o problema são os manetas que estacionam torto ou deixam vagas que só cabe um fuca). A grande parte do bar é a céu aberto, e mesmo dentro a sensação é de semi-outdoors.
A parte "interna" é construída ao redor de um trailer, dentro do qual ficam as chapas. Como todo bom xis, dá pra ver a chapa de qualquer lugar do bar. Eu já conhecia o Santafé, e estive lá hoje com aquela que me o apresentou.

Em termos de cardápio, o bar é bem versátil. As bichinhas vão ficar bem felizes, visto que o bar tem, no cardápio, um xis vegetariano e um xis "simples"; só carne, queijo e, se não me engano, maionese. Assim os frescos não precisam pedir xis-salada sem salada. Os melhores xis custam 9,00, e o simples custa 6,50. Um pouco salgado, mas considerando a localização, sensato.

Uma curiosidade do cardápio: Os ingredientes básicos do xis do Santafé são alface, tomate, maionese e pão (a maionese é imperceptível e não lembro exatamente se ela está descrita no cardápio, que dá os ingredientes de todos xis). Isso quer dizer que, se tu gosta de milho, ervilha e ovo, tem que pedir e pagar mais ou menos uns 50 centavos ou um real. Tem também outras opções de "extras", entre elas bacon, cebola e queijo duplo.

O xis preferido daquela que me acompanhava era o "X Santafé". Como era a opção principal da moça, qualquer leitor homem pode concluir que era o mais caro. MAS, em defesa do sexo dito frágil, confesso que a minha opção custava o mesmo preço. O X Santafé, se não me engano, era de filé com quatro queijos (não tenho certeza, tenho que confirmar com a cosquerída). Ela sugeriu que pedíssemos esse, com o adicional da cebola.

A minha opção era o "X Malvado". No cardápio, é descrita a incomum combinação de calabresa com bacon. Ao receber esse xis pela primeira vez, o leitor (se não tivesse me lido) teria a agradável surpresa de encontrar, além da calabresa e do bacon, um hamburger de cerca de 70g.

O hamburguer é muito bom, temperado na medida certa e sem ser processado demais. A carne é dura o suficiente para oferecer certa resistência na mordida mas não periga vir toda em uma mordida só porque os dentes não conseguiram cortá-la direito (sim, é um xis de comer na mão e não no prato). O único problema do hamburger é que seu sabor é ofuscado pela calabresa e pelo bacon.

A calabresa é defumada, cortada bem fininha e bem frita, e por causa disso sua textura e sabor se confundem bastante com o do bacon utilizado. A linguiça não tinha gordura em excesso e nem pedaços bizarramente duros. O bacon é cortado em cubinhos e também é bem frito, a proporção do bacon é mais ou menos 40% gordura e 60% carne, eu acho muito bom assim. Estes dois ingredientes não são postos em camada, mas misturados sobre o hamburger, uma idéia muito boa. Embora de sabor muito marcante, o bacon e a calabresa não são arregados demais, então o xis não fica muito forte.

O pão é novo, e um pouco mais fino do que os pães standard de xis portoalegrense, o que deixa mais espaço pra carne. O tomate é cortado em cubinhos e é bem pouquinho, mais um ponto a favor. O alface é a melhor característica do reino vegetal: uma folha só posta em direto contato com a maionese, sem ser cortado em tirinhas ou qualquer coisa do gênero. O xis é prensado.

No geral, é um xis muito diferente e muito bom, as carnes interagem muito bem com os vegetais, e é tudo na medida certa. Pedimos um xis malvado partido ao meio e uma batata frita pequena (que não é lá tão pequena), comemos tudo e ficamos bem satisfeitos, tomando três cevas. As cevas foram um pequeno problema, pedimos uma polar e ela veio completamente congelada, derramando ceva afu. Trocamos para original e essa nem veio, também congelada. Ficamos com minha opção primeira: Serramalte.

Moral: Se tu quer um xis mega arregado e gorduroso, o Santafé definitivamente não é o lugar pra isso (dependendo do humor, acho que consigo meter dois xis deles). Se tu quer um xis legal pra levar a mina, é aqui mesmo. O clima é muito bom e o xis não é intimidante e é de muito bom paladar. Principais problemas: não é um xis monstro; não vem com ovo, milho e ervilha (tem que pedir e pagar mais por isso); a ceva veio congelada; é um pouco caro demais; o atendimento é um pouco lento e o tomate estava um pouquinho verde. Coisas massa: um xis com hamburger, calabresa e bacon; pouca salada e pouca maionese; bom pra levar a mina; ótimo ambiente onde se pode fumar à vontade; bom estacionamento.

Nota final: 8,9 (a alemoa ainda considera esse o melhor xis de porto)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Papa Lanches

O Papa Lanches que conheci fica entre o Speed I e o Speed II, na Lima e Silva (se você não sabe onde é o Speed, pare de ler agora). Parece que tem outro, em outro lugar. Não sei.
Eu nunca tive muitos motivos pra ir nesse lugar, afinal tem outros xis tão bons ali por perto, e não parece um lugar especialmente ajeitadinho e agradável ou com um xis porcão e gorduroso. Mas a companhia que tive naquela tarde foi especialmente convincente. Ela adora xis acebolado, estávamos com fome, eu tinha cancelado minhas aulas da tarde, estava tudo lindo, era uma linda tarde, ela era linda e sugeriu que comêssemos um xis acebolado ali. Sei eu bem que o leitor não tem essa sorte de conhecer uma alma gêmea que lance a idéia de comer um xis acebolado à tarde, portanto, invejai-me.
É um lugar legal, não foge do vermelho-amarelo-laranja das lanchonetes standard. As mesas são imitação de mármore, não são feias, mas são um pouco frias, e sempre dão a sensação de engorduradas. Mas quem sou eu para julgar mesas?
A princípio, ela me disse que deveríamos pedir no balcão. Deixei para ela esta tarefa. Como ela não gosta de ervilhas, chegamos ao consenso de pedir o xis sem ervilha e sem tomate (dividiríamos o xis).
O próprio chapista trouxe o dito cujo, já partido ao meio, achei isso legal. Estava passando o jogo Espanha x Estados Unidos, pela Copa das Confederações. Jogaço, states copeiro.
Muito bom o xis. O pão é novo e não é nem duro nem farinhento, nem macio em demasia, como são por exemplo os pães de cachorro quente em geral (pão massinha). A primeira mordida denunciou um excesso de maionese fria, o que, é sabido, não me agrada muito. Suponho ter sido falta de atenção ao espalhá-la no pão, e também em função daquela primeira mordida não ter muito "recheio". O fato de não ter ervilha fez o cara caprichar um pouco mais no milho, suponho. Ponto pra eles. O milho não tinha gosto de conserva e cumpriu bem o seu papel no xis. A cebola era cortada em quadradinhos e toda ela muito bem frita, uniformemente, embora pudesse com certeza ter um pouco de molho shoyu pra dar mais uma personalidade. O principal problema que encontrei foi a carne. Em termos de tamanho, tudo bem, mas achei que a textura deixou muito a desejar. Lembrou muito um hamburguer congelado, com gosto de tempero artificial e sem a mínima solidez. Bastava passar os dentes para cortar a carne. Este com certeza foi o ponto fraco do xis que, repito, não estava nada mau.
Em termos gerais, um xis muito bom, equilibrado e sem puxar demais pra nenhum ingrediente específico, se analisado no geral. Principais problemas: maionese mal espalhada, o que gerou excessos em alguns pontos (principalmente nas bordas, onde ficou fria), carne excessivamente processada (poderiam se sair muito melhor com um bife e cobrando 50 centavos a mais). Principais qualidades: cebola muito bem frita e gostosa, complementando bem o resto do xis, pão novo e de boa qualidade, boa quantidade de grãos e bom equilíbrio entre os ingredientes, bom ambiente onde se pode fumar à vontade.

Nota final: 7,7

domingo, 7 de junho de 2009

No meu primeiro e último post, prometi que dedicaria meu segundo (e, agora, também último) post a definir meus gostos. Por isso todo este tempo. Achou muito? Ok, então use o espaço de comentários e defina irrevogavelmente o que é bom e o que é ruim no mundo.

ANYWAY, venho por meio deste avisar que este blog volta a funcionar, na medida que começo a postar no melhor do peor. Esta semana devo visitar alguma casa de xis e criticá-la.